segunda-feira, 23 de maio de 2011

Aproveitamento da situação à cara podre...

(imagem sacada daqui!)

Os patrões querem que se trabalhe mais horas em Portugal. Acontece que Portugal já é dos países europeus onde se trabalha mais horas. A questão, como sempre, é a produtividade nacional, que é mais  "um indicador que consiste em não mais do que a simples divisão do valor da produção pelo número de trabalhadores. Logo, se o valor deste indicador é baixo, a única coisa que se pode concluir é que o valor (de mercado) do que se produz em Portugal é baixo tendo em conta a dimensão da economia nacional." Ou seja, o problema é que as empresas portuguesas, geridas por estes brilhantes patrões e gestores representados pela CIP, produzem o que vale pouco, normalmente por serem produtos com pouco valor acrescentado, quer por concorrerem com muitas empresas internacionais, quer por terem pouca incorporação tecnológica. 


O problema real da economia portuguesa é a sua cúpula, ou seja, gestores, administradores e patrões com uma produtividade reduzidíssima. E não é por falta de incentivos financeiros, pois os nossos patrões e gestores são dos mais bem pagos da Europa. É simplesmente por incompetência e por os recursos dos grandes grupos económicos serem direccionados para PPP's que assegurem rendas, ou para sectores com pouca concorrência como as telecomunicações e as grandes superfícies comerciais. Não está na genética das nossas elites a noção de "correr riscos", e na minha opinião é porque, embora não o admitam, sabem que não têm competência para lidarem com a concorrência internacional em áreas de grande incorporação tecnológica. E num país em que a mobilidade social é das mais reduzidas da Europa, onde o berço conta muitas vezes mais que a competência, esta característica genética das elites é fatal.



Até o Banco de Portugal afirma que os salários não são nem o 1º nem o 2º maior problema das empresas portuguesas: "Entre as empresas que consideram ter limitações ao investimento, a deterioração das expectativas em relação à procura continua a ser inequivocamente o principal fator limitativo [para mais de 50%] (…) Contudo, é de referir que os fatores diretamente relacionados com o financiamento das empresas, seja através de autofinanciamento ou via obtenção de crédito e correspondente nível das taxas de juro, viram a sua importância aumentar substancialmente."


"Se isto é assim por que é que a CIP e o BdP continuam a exigir borlas ao Estado e aos trabalhadores, sob a forma de redução de direitos laborais ou das contribuições para a segurança social? Por que é que a CIP continua a exigir horários mais longos, o que contraria tudo o que é necessário fazer para criarmos uma economia mais rica em emprego?" Há quem tenha chamado a isto, à muito tempo atrás, de luta de classes. Eu não vou tão longe, mas tenho a certeza que é cegueira ideológica...

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