terça-feira, 20 de setembro de 2011

O medo



Esta excelente dissertação de Mia Couto (encontrada neste post do Paulo Granjo) sobre o medo e os seus efeitos na sociedade impressiona e revela muito sobre a natureza humana, limitada e sonhadora ao mesmo tempo. Mia Couto tem razão, porque podemos construir um mundo melhor se tivermos a capacidade de enfrentar os nossos medos, olhando-os nos olhos e confrontando-os com os nossos sonhos. E quem diz o mundo, diz também o seu país, a sua cidade, a sua família...

O medo também afecta os políticos. Nota-se muito agora pela subserviência dos políticos europeus à liderança alemã. Nota-se também muito pela liderança autista alemã, à qual falta a confrontação às suas ideias e ambições, até para poder ter uma liderança um pouco melhor e tornar novamente a Europa na referência mundial onde muitos outros países do mundo possam encontrar a inspiração para o seu próprio desenvolvimento.

Mas o medo afecta em primeiro grau o comum cidadão. Como diz Mia Couto, citando Eduardo Galeano, "Os que trabalham têm medo de perder o trabalho, os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho. Quando não têm medo da fome têm medo da comida. Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas e as armas têm medo da falta de guerras." Mia Couto ainda acrescenta: "Há quem tenha medo que o medo acabe". Muita gente, acrescento eu.

Se queremos realmente criar um mundo melhor para nós temos de perder o medo. Temos de querer que a nossa voz se oiça. Somos suficientemente responsáveis para não haver razão nenhuma para termos medo. E quem diz medo, diz também vergonha. Não é vergonha nenhuma querer um país melhor ou um mundo melhor: é um orgulho!

Por isso, o próximo dia 15 de Outubro é o dia de não termos vergonha de dizer-mos o que queremos para Portugal, para a UE e para o mundo. É o dia dos cidadãos saírem à conquista da sua própria vida. Como muito bem ilustra a Gui, é o dia de não termos medo! É o dia de termos orgulho em nós próprios.



ADENDA: Em estéreo com o Aventar.

Música do dia

As melhores criações da Natureza...


Sacada daqui!

Tem de se acabar com o jardinismo. Não há outra solução.


Este caso das dívidas ocultadas pelo Governo Regional da Madeira tem feito correr muita tinta, mas não podemos esquecer vários aspectos essenciais:

1) a Madeira faz parte de Portugal e deve ser tratada em igualdade de circunstâncias com o resto do território, seja na questão da dívida seja em tudo o resto;

2) No entanto Alberto João jardim tem tentado que a Madeira seja tratada de uma forma diferenciada, e tem-no conseguido devido à falta de espinha dorsal da maior parte dos governos portugueses;

3) O único governo que não pactuou totalmente com o regime madeirense foi o anterior governo do PS. A resposta do governo regional da Madeira a essa inflexibilidade de Sócrates e de Teixeira dos Santos foi a ocultação das dívidas que foi contraindo às autoridades nacionais com competência na matéria. Comparando com a crise das dívidas públicas europeias, esta situação só tem paralelismo com a ocultação de dívida dos governos gregos de direita;

4) Já houve um saneamento das contas públicas das regiões autónomas à uma década atrás, no tempo de Guterres a 1º Ministro. De então para cá os Açores nunca mais excederam quaisquer limites ao nível de dívida regional, enquanto que a Madeira excedeu esses limites e ainda insulta os continentais e os Governos da República.

5) Vão-se realizar eleições regionais no próximo dia 5 de Outubro. Com o domínio que o gang do PSD - Madeira tem sobre a comunicação social madeirense é expectável a 41ª maioria absoluta de Jardim. Não é de esperar que os madeirenses, que foram beneficiados com a ocultação das dívidas (nomeadamente a Igreja Católica local...), vejam razões para mudarem a sua atitude perante o resto do país.

Posto isto, creio que só há uma solução: esperar pelos resultados das eleições regionais e, caso se confirme a maioria absoluta de Jardim, reter todas as transferências de dinheiros públicos para a Madeira até a totalidade da dívida oculta madeirense (incluindo juros) estar paga. É garantido que o jardinismo vai cair ao fim de pouco tempo se esta solução for adoptada, pois sem benesses para distribuir entre o seu gang a lealdade perante Jardim vai desaparecer...