quarta-feira, 1 de junho de 2011

Vamos lá hackear estas eleições!


Este post que se segue é uma tradução, livre e efectuada por mim, da página espanhola que referi aqui:

Entende-se por “hackear” eleições o voto intencional para manipular a fórmula de Hondt e evitar o bipartidarismo, ou seja, que se apresentem a eleições dezenas de partidos políticos e que só 2 tenham a maioria dos mandatos. O objectivo é conseguir que os partidos maioritários percam mandatos drasticamente para os partidos minoritários. Se existissem mais partidos no parlamento os lobbies empresariais não teriam tanta facilidade para manipular os políticos como nos mostrou a Wikileaks (…).

Depois de apresentada a definição e o objectivo deste artigo, comecemos então a aprender como hackear eleições!

Resumindo o resto do artigo, para hackear umas eleições e não deixar que os partidos maioritários ganhem com muitos mandatos de diferença:

  • Votem em partidos minoritários que tenham alguma possibilidade de eleger deputados no vosso circulo eleitoral;
  • Nunca, jamais, votem em branco. Prejudica gravemente os partidos minoritários;
  • Não votem nulo, que não serve para nada;
  • Não se abstenham, que não serve de nada.
PERGUNTAS CURIOSAS:

Pode-se hackear ou modificar os resultados de umas eleições?
Sim, pois os mandatos são atribuídos segundo uma fórmula matemática chamada Lei de Hondt que tem algumas “falhas”.

O que é a Lei de Hondt?
Em muitas democracias quando se vota é aplicada a Lei de Hondt para apurar os mandatos atribuídos a cada partido, inventada pelo belga Victor d’Hondt.

Nas respostas do Yahoo alguém escreveu: É um sistema matemático para repartir cargos de acordo com os resultados de uma eleição (…). Este é o sistema, de entre os mais usados, que dá a possibilidade (teórica, não na realidade) de maior representatividade às minorias.

Como é bastante aborrecido explicar o seu funcionamento, deixo estes links a quem queira aprofundar o seu conhecimento do tema:

Os votos em branco influenciam os resultados?
Sim, na prática dão mais mandatos aos partidos maioritários e eliminam os partidos minoritários.

Os votos nulos influenciam os resultados?
Não, na prática não servem para nada.

Os votos de um partido político que no final não tem mandatos vão para os partidos maioritários?
Não e sim.
Não, porque se há poucos partidos minoritários com muitos votos, são prejudicados os partidos maioritários.
Sim, porque se há muitos partidos minoritários com muitos votos ficam todos sem mandatos, que vão para os partidos maioritários.

Na dúvida, é sempre melhor votar num partido minoritário?
Sim, desde que tenha a possibilidade de conseguir pelo menos 1 mandato. Votar num partido muito pequeno que não tem possibilidade de conseguir nenhum mandato só vai prejudicar os outros partidos minoritários.

A abstenção favorece os partidos minoritários?
Não e talvez.
Não, porque se estás recenseado(a) mas não votas, não afecta em nada, pois a Lei de Hondt só tem em conta os votos colocados na urna. Se votam 4 pessoas e 1000 se abstêm, o que conta são os 4 votos.
Talvez, porque depois da aplicação da Lei de Hondt procede-se à repartição dos mandatos por cada círculo eleitoral e aí tem-se em conta o número de eleitores recenseados, e não os que votaram. Esta animação explica com desenhos como se faz a repartição de mandatos por cada círculo eleitoral.

Os partidos hackeiam as eleições?
Sim, há exemplos claros, como em Espanha onde o partido Esquerda Unida tem mais votos que os partidos Convergência e União ou PNV, mas tem sempre muito menos deputados. Isto deve-se em parte à Lei de Hondt mas também à forma como são repartidos os mandatos por cada círculo eleitoral. (…)

SIMULAÇÃO COM 3 PARTIDOS:

Agora, com um simulador da Lei de Hondt, vamos simular algumas situações para ver como funciona e como podemos aproveitar a nosso favor. Esta ideia surgiu ao manusear o simulador da Lei deHondt de Vicente Navarro, embora por razões práticas tenha sido utilizados o simulador da Lei de Hondt da Web icon.cat, colocando os seguintes dados como base de investigação:

1ª HIPÓTESE: SIMULAÇÃO COM 3 PARTIDOS

  • 100 mandatos
  • Partido A – 1000 votos
  • Partido B – 500 votos
  • Partido C – 50 votos

Simulação de referência: 1.500 eleitores, 0 votos em branco, 0 votos nulos
Resultado:

  • Partido A (64,5%) – 65 mandatos;
  • Partido B (32,2%) – 32 mandatos;
  • Partido C (3,3%) – 3 mandatos.
 Agora vamos ver como se podem hackear estas eleições simuladas…

Simulação 1: 100.000 eleitores, 1.500 votantes, 0 votos em branco, 0 votos nulos
 Resultado: É igual à simulação de referência.
 Conclusão: A abstenção não serve de nada. Precisas de votar para poderes hackear as eleições.

Simulação 2: 1.683 eleitores, 133 votos em branco, 0 votos nulos
Resultado:

  • Partido A (59,4%) – 67 mandatos;
  • Partido B (29,7%) – 33 mandatos;
  • Partido C (3,0%) – 0 mandatos (não tem a votação mínima)
 Conclusão: votar em branco só ajuda os partidos maioritários.

Simulação 3: 1683 eleitores, 0 votos em branco, 133 votos nulos
 Resultado: É igual à simulação de referência.
 Conclusão: O voto nulo não serve para nada.

Agora que já sabemos como hackear umas eleições, é preciso votar, nada de abstenção nem votos nulos, e acima de tudo nada de votos em branco (o cancro dos partidos minoritários).

Então como podemos ajudar a modificar os resultados? Votando nos partidos minoritários!

2ª HIPÓTESE: SIMULAÇÃO COM 4 PARTIDOS

Agora vamos ver as mesmas simulações tendo em conta que aparece um novo partido minoritário, o Partido D com 50 votos.

Simulação de referência: 1550 eleitores, 0 votos em branco, 0 votos nulos
Resultado:

  • Partido A (62,5%) – 63 mandatos;
  • Partido B (31,3%) – 31 mandatos;
  • Partido C (3,1%) – 3 mandatos;
  • Partido D (3,1%) – 3 mandatos.
 Conclusão: Ao introduzirmos um novo partido minoritários já retiramos 2 mandatos ao partido mais votado e 1 mandato ao 2º partido mais votado. Hehehe ;)

Simulação 1: 1683 eleitores, 133 votos em branco, 0 votos nulos
 Resultado:

  • Partido A (57,7%) – 67 mandatos;
  • Partido B (28,9%) – 33 mandatos;
  • Partido C (2,9%) – 0 mandatos (não tem a votação mínima);
  • Partido D (2,9%) – 0 mandatos (não tem a votação mínima).
 Conclusão: Mais uma vez, votar em branco só ajuda os partidos maioritários. Ainda mais neste caso de 2 partidos minoritários, em que 51 votos em branco bastam para estes partidos não terem nenhum mandato.

HIPÓTESE 3: SIMULAÇÃO COM 6 PARTIDOS

Simulação de referência: 1650 eleitores, 0 votos em branco, 0 votos nulos
 Resultado:

  • Partido A (58,9%) – 67 mandatos;
  • Partido B (29,5%) – 33 mandatos;
  • Partido C (2,9%) – 0 mandatos (não tem votação mínima);
  • Partido D (2,9%) – 0 mandatos (não tem votação mínima);
  • Partido E (2,9%) – 0 mandatos (não tem votação mínima);
  • Partido F (2,9%) – 0 mandatos (não tem votação mínima);
 Conclusão: Votar em demasiados partidos minoritários que não têm possibilidade de conseguir a votação mínima favorece os partidos maioritários.

RESUMINDO:

Para hackear umas eleições temos de:

  • Votem em partidos minoritários que tenham alguma possibilidade de eleger deputados no vosso circulo eleitoral;
  • Nunca, jamais, votem em branco. Prejudica gravemente os partidos minoritários;
  • Não votem nulo, que não serve para nada;
  • Não se abstenham, que não serve de nada.
 POR ISSO, NESTA ELEIÇÃO NÃO SE VOTA NO CENTRÃO!

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